quinta-feira, 25 de junho de 2020

SUGESTÕES DE LEITURA PARA O VERÃO

Com as férias de verão aqui tão perto chega a altura de os leitores mais ávidos começarem a pensar nas leituras que gostariam de fazer enquanto preguiçam à beira de uma piscina, deitados na areia da praia ou à sombra de uma árvore. As opções quando ao local para efetuar leituras são muitas, assim como os livros.
Ficam aqui algumas sugestões para todas as idades e gostos. Agora é só escolher um e levá-lo consigo.
Boas férias e boas leituras!


INFANTIS

A autora norte-americana Elizabeth Verdick escreve livros desde 1997 e os seus dois filhos são a inspiração para quase tudo o que escreve. Já escreveu mais de 40 livros para crianças e adolescentes sempre muito elogiados pela crítica. 
O seu último livro Será que as crianças sabem como vencer os medos e combater os micróbios?  surge em contexto pandémico no qual, a lavagem das mãos e o cuidado com a propagação de micróbios ocupa um lugar na mente de todos, mas será que as crianças compreendem o que eles são, o que fazem ao nosso corpo e como se podem livrar deles?
Os micróbios podem ser assustadores, mas o mundo, principalmente para uma criança que ainda o está a descobrir, pode despertar muitos outros medos: do escuro, da água, de animais ou do que é desconhecido.

Será que as crianças sabem como vencer os medos e combater os micróbios?




Os medos não duram para sempre




O Livro Mágico do Avô João


Hugo Rodrigues é pediatra e aventura-se agora nos livros infantis, contando histórias destinadas a crianças a partir dos 5 anos.
O ambiente destas histórias não podia ser mais familiar e acolhedor: um almoço semanal em casa dos avós, com os primos. Nestes dias, o avô João conta uma história especial, que se transforma num momento de partilha e de aprendizagem para todos. É que, como por magia, as suas histórias referem assuntos muito familiares e, por vezes, sensíveis para as crianças – problemas físicos, comportamentais, fisiológicos, etc. Neste primeiro volume, os temas abordados são o nascimento de um irmão, o xixi na cama, as dificuldades na alimentação e a recusa em dormir sozinho.


Luísa - as histórias da minha vida

A autora Luísa Ducla Soares dispensa apresentações, com uma vida inteira dedicada à escrita para crianças e jovens, esta obra celebra os seus 50 anos de atividade literária.
São as histórias de quem faz sonhar gerações de leitores com os livros que escreve. Numa viagem de textos, ilustrações e fotografias, Luísa Ducla Soares partilha com os leitores algumas das histórias mais marcantes e divertidas da sua vida. 


O Golfinho

No novo romance de Mark Haddon, as fronteiras entre o real e o imaginado diluem-se para dar lugar a uma narrativa única e imperdível, com ecos de histórias distantes, e onde a força e a resiliência femininas ecoam a cada momento.
Mark Haddon nasceu em Northampton, em 1962. Trabalhou com crianças e adultos com necessidades especiais e foi também ilustrador e cartoonista em diversos jornais e revistas.
Em 1987, publicou o seu primeiro livro para crianças, Gilbert’s Gobstopper, ao qual se seguiram outros títulos dirigidos ao público infanto-juvenil.



Todos os escritores do mundo têm a cabeça cheia de piolhos


É este o engraçado título do último livro infantil de José Luís PeixotoQue comichão permanente é esta na cabeça de todos os escritores do mundo? Nenhum champô anti-piolhos consegue acalmá-la. Esse mal generalizado faz notícia nas primeiras páginas dos jornais e intriga os leitores deste e de todos os livros que existem.
José Luís Peixoto nasceu na aldeia de Galveias, no Alto Alentejo, onde viveu até aos 18 anos, idade em que foi estudar para Lisboa. Após terminar a sua licenciatura foi professor em várias escolas portuguesas e na Cidade da Praia, em Cabo Verde. A partir de 2001, dedicou-se profissionalmente à escrita.
Assista à hora do conto digital com este livro em:






JUVENIS

Jacqueline Harvey é uma das mais conhecidas escritoras de literatura infantil australiana. Jacqueline passou a sua vida profissional a dar aulas em colégios internos para meninas o que a inspirou para escrever estes dois livros da sua colação Alice Miranda. Diz que nunca conheceu uma diretora como a Sra. Grimm, mas encontrou bastantes meninas que fazem lembrar um pouco Alice Miranda.


Alice Miranda na Escola

Alice Miranda pode ser pequena, mas não resiste a um grande mistério...
Alice Miranda Highton-Smith-Kennington-Jones está pronta para o seu primeiro dia de aulas no colégio. No entanto...
A diretora, a Sra. Grimm, não dá notícias há 10 anos. As flores premiadas da academia desapareceram. E alguns alunos avistam um estranho a acampar na estufa da escola.
Alice tem de investigar!

Alice Miranda de Férias


Alice Miranda Highton-Smith-Kennington-Jones sobreviveu aos primeiros meses no colégio e a amiga, Jacinta Headlington-Bear, a segunda menina mais irritante da escola, vai juntar-se a Alice e à sua família durante as férias escolares.
As duas meninas esperam conseguir divertir-se muito, mas o cheiro a aventura anda no ar...


As minhas incríveis férias de verão


O que será que realmente aconteceu nas férias de Verão? Uma professora curiosa quer que lhe contem tudo. E, desta vez, as incríveis peripécias até podem ser verdade! O que começou como um simples dia na praia acabou numa caça ao tesouro pelo mundo inteiro, com engenhocas voadoras, um pássaro malicioso e muitas outras espantosas personagens. Será que esta é mais uma história inventada ou basta-nos descobrir a verdade?
Sobre os autores: Davide Cali Nasceu na Suíça, em 1972. Estudou Contabilidade, mas as palavras e as imagens levaram a melhor sobre os números. Aos 22 anos, começou a colaborar com a revista italiana Linus, como autor-ilustrador de BD; depois, aos poucos, a sua vontade de contar histórias, levou-o a publicar livros para crianças.
Benjamin Chaud nasceu em França em 1975. Estudou desenho e artes decorativas em Paris e Estrasburgo. O sentido de humor e as situações insólitas que cria nos seus livros, bem como as ilustrações plenas de detalhe, definem a sua imagem de marca.

Bia - de férias com as amigas


A Bia, a Celeste e a Chiara vão de férias para o Brasil com os pais da Bia. Não existe melhor plano no mundo! As três amigas vão partilhar dias de praia, de música, de sol e novas amizades (e, quem sabe, algum romance, também). Recordarão episódios que viveram juntas, alguns de rebolar a rir e outros que provocam silêncios dolorosos e que só podem ser quebrados com muito amor.

Férias Reais

A Mia e a Charlotte foram convidadas para passar férias com as Princesas Secretas! Mas a Megan está preocupada porque acha que vai passar um verão aborrecido com o irmão…
Conseguirão as amigas ajudá-la a realizar todos os desejos?

JOVEM ADULTO


A história de uma rapariga, um rapaz e o universo.
Natasha: Sou uma rapariga que acredita na ciência e nos factos. Não acredito no destino. Ou nos sonhos que nunca se concretizam. Não sou de todo aquele tipo de rapariga que encontra um rapaz simpático numa rua nova-iorquina cheia de gente e se apaixona por ele. Não quando a minha família está a doze horas de ser deportada para a Jamaica. Apaixonar-me por ele não será a minha história.
Daniel: Sou o bom filho, o bom estudante, correspondendo sempre às elevadas expectativas dos meus pais. Nunca fui o poeta. Ou o sonhador. Mas quando a vejo, esqueço tudo isso. Algo em Natasha faz-me pensar que o destino nos reserva, a ambos, alguma coisa muito mais extraordinária.
Nicola Yoon nasceu em 1972 na Jamaica, mas cresceu em Brooklyn, Nova Iorque. Nicola é mais conhecida por ter escrito o romance de 2015 para jovens adultos Everything, Everything, um best-seller do New York Times que serviu de base ao argumento de um filme de 2017 com o mesmo nome . Em 2016, lançou O Sol Também é Uma Estrela, um romance que também foi adaptado ao cinema.




Violet Markey vive para o futuro e conta os dias que faltam para acabar a escola e poder fugir da cidade onde mora e da dor que a consome pela morte da irmã. Theodore Finch é o rapaz estranho da escola, obcecado com a própria morte, em sofrimento com uma depressão profunda. Todos os dias pensa em suicidar-se. E todos os dias algo de bom o impede de o fazer. No topo da torre da escola, a um passo de saltar, Finch vê Violet, prestes a fazer o mesmo. E salvam-se um ao outro.



Sophie planeava aproveitar as férias de fim de ano para estar mais tempo com o seu namorado, Griffin, só que ela não esperava que ele colocasse um ponto final repentino na relação. De coração partido, vai para a casa dos avós, a fim de participar na festa que reúne a sua grande família.
É então que a avó elabora um plano para fazê-la seguir em frente: ao longo de dez dias, Sophie participará em dez blind dates planeados por diferentes elementos da família. Vai ter alguns encontros engraçados e agradáveis e outros verdadeiramente bizarros... mas, com o tempo, Sophie aprenderá o que é melhor para si.



Simon Kelleher é o criador do Má-Língua, uma nova aplicação que está a encurralar a elite de Bayview High, revelando pormenores da vida privada dos alunos da escola.
Mas o caso torna-se mais grave quando Simon e quatro colegas ficam fechados de castigo numa sala, e ele morre diante das suas vítimas.
Os quatro que se tornam suspeitos imediatos do homicídio, são:
A melhor aluna da escola, Bronwyn que nunca viola uma regra e quer entrar em Yale.
A estrela da equipa de basebol de Bayview, Cooper.
Nate, o criminoso, que está em liberdade condicional por vender droga.
A menina bonita, Addy, que parece ter a vida perfeita ao lado do namorado perfeito.
Que segredos queriam esconder para eliminar Simon?
Quem será o culpado?



ADULTOS


Na Lisboa de finais dos anos noventa, um jovem escritor em crise vê o seu caminho cruzar-se com o de um grande escritor. Dessa relação, nasce uma história que mescla realidade e ficção, um jogo de espelhos que coloca em evidência alguns dos desafios maiores da literatura.
A ousadia de transformar José Saramago em personagem e de chamar Autobiografia a um romance é apenas o começo de uma surpreendente proposta narrativa que, a partir de certo ponto, não se imagina como poderá terminar. José Luís Peixoto explora novos temas e cenários e, ao mesmo tempo, aprofunda obsessões, numa obra marcante, uma referência futura.




Neste livro de viagens, Afonso Cruz convida-nos a entrar num lado mais intimista, partilhando com o leitor pormenores das suas inúmeras viagens. Situações por vezes caricatas, outras de caráter mais sério e grave que nos comovem. Está escrito como se de um tear se tratasse com várias histórias entrelaçadas. Para ler aos poucos e usufruir de uma leitura única.



Kya tem apenas seis anos de idade quando vê a mãe sair de casa, com uma maleta azul e sapatos de pele de crocodilo, e percorrer o caminho de areia para nunca mais voltar. À medida que todas as outras pessoas importantes na sua vida a vão igualmente abandonando, Kya aprende a ser autossuficiente: sensível e inteligente, sobrevive completamente sozinha no pantanal a que chama a sua casa, faz amizade com as gaivotas e observa a Natureza que a rodeia com a atenção que lhe permite aprender muitas lições de vida.




No Rio de Janeiro dos anos 40, é uma sátira de costumes à forma como as mulheres eram (e ainda são) invisíveis. Um romance cru e cheio de humor negro sobre as a luta das duas irmãs Gusmão contra uma sociedade que teima em frustrar as mulheres. 



Este livro cruza a história de Eve, uma espia durante a I Guerra Mundial, e Charlie, uma jovem que procura a prima que desapareceu após a II Guerra Mundial. Uma narrativa que nos prende desde o início e uma leitura obrigatória para os fãs de ficção histórica e espionagem.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

A SOMBRA DE ZAFÓN


Cedo nos deixou mais um autor que certamente ainda tinha muito para dar aos seus leitores. Dono de uma escrita quase mística e que envolvia nas suas histórias sempre mistério e um manifesto amor pelos livros e pela leitura, Carlos Ruiz Zafon deixa-nos uma obra de uma beleza ímpar. Certamente a literatura ficou mais pobre - o autor deixou-nos, mas os seus livros não, pelo que continuarão a encantar adolescentes e adultos.

Carlos Ruiz Zafón nasceu a 25 de setembro de 1964, em Barcelona. Estudou no colégio de jesuítas San Ignacio de Sarrià e começou a escrever ainda na adolescência. Estudou Ciências da Comunicação na faculdade e trabalhou em agências de publicidade, chegando a ser diretor criativo de uma importante empresa de Barcelona. Abandonou a área em 1992, para se dedicar inteiramente à escrita, a sua verdadeira paixão. Instalou-se então em Los Angeles, onde vivia desde então.







CELEBRAR JOSÉ SARAMAGO

A 18 de junho passaram 10 anos sobre a morte de José Saramago, Portugal ficou mais pobre perdendo um dos maiores símbolos da literatura moderna.


 José Saramago nasceu a 16 de novembro de 1922, na aldeia de Azinhaga, no Ribatejo. O apelido Saramago não era do pai e passou a ser do filho. Nome de planta herbácea espontânea — Raphanus raphanistrum —, saramago era “alimento na cozinha dos pobres” e alcunha da família na aldeia. Por isso, aquele que teve como nome completo José de Sousa Saramago era para ter apenas um apelido. E a revelação só surgiu na escola primária, conta numa autobiografia. “Só aos sete anos, quando tive de apresentar na escola primária um documento de identificação, é que se veio a saber que o meu nome completo era José de Sousa Saramago…”. 
Filho e neto de camponeses, Saramago deixou a aldeia aos dois anos para se deslocar para a capital com os pais, embora lá voltasse várias vezes e em períodos consideráveis até à idade adulta. Por isso, a Azinhaga fazia parte dele. Era ali que estavam os avós, filhos da terra e que a terra lhe dão a conhecer. Por isso, aquando a entrega do Nobel, em 1998, são eles que começam por ser recordados no seu discurso
A família, sem recursos económicos, vivia em quartos, partes de casa e águas furtadas em Lisboa. Por isso, o jovem Saramago não pôde prosseguir os seus estudos além do ensino secundário: empregou-se como aprendiz de serralheiro mecânico nas oficinas dos Hospitais Civis, onde foi também desenhador e funcionário administrativo.
Aquele que pode ser visto como o homem dos sete ofícios que depois se torna escritor não tinha livros em casa. Em 1991, numa entrevista a um jornal de Lisboa, conta que leu os primeiros livros em criança — estando doente e de cama, a mãe percorreu as casas do bairro a pedir livros emprestados. Em adolescente, procurou-os ele: começou a frequentar bibliotecas e, assim, foram “centenas de livros” devorados, “sem nenhuma orientação”. Seus, mas escritos por outros e comprados com dinheiro emprestado por um amigo, só os viu aos 19 anos.

Todavia, pela vida fora as letras foram-se desenhando à sua frente. Quem começa a ler não mais consegue parar enquanto a saúde ajuda, quem começa a escrever há-de fazê-lo também até ao fim da vida, e Saramago não tinha outra ambição além dessa —embora admitisse que “deixar de escrever é inevitável” e não “um drama”. Por isso encarou sempre tudo com naturalidade. “Não posso escrever? Bem, é pena. Mas posso viver? Sim? Então, vou viver".
Foi, no entanto, um acaso do destino que o fez mudar de rota. Depois de ter passado pela indústria cerâmica e por uma companhia de seguros, onde permaneceu 10 anos, José Saramago foi convidado para o lugar de editor literário dos Estúdios Cor. Em 1969 torna-se militante do Partido Comunista Português e dois anos depois demite-se dos Estúdios Cor e ingressa no Diário de Lisboa, como jornalista. Mais tarde, chega ao Diário de Notícias como diretor-adjunto, cargo que desempenhou entre Abril e Novembro de 1975, no calor da revolução. Os seus escritos no DN marcaram o jornal e puseram-no sob fogo. Pelo meio colaborara como crítico literário na Revista Seara Nova.
Era o início do Saramago como hoje o conhecemos. O ano de 1976 marcou a altura em que começou a viver exclusivamente do seu trabalho literário, primeiro como tradutor, depois como autor. Mas os livros que saíam de si já tinham chegado. Em 1947, ano do nascimento da única filha, Violante, Saramago publicou o primeiro livro, um romance a que chamou A Viúva, mas que “por conveniências editoriais" saiu com o nome de Terra do Pecado.
Mas o que agora é percecionado como o início de um percurso não o foi, na altura, para Saramago. “Se eu tivesse essa ideia de uma carreira literária, depois do ano de 1947, em que escrevi o meu primeiro livro, tinha continuado. E, no entanto, estive 20 anos sem escrever, praticamente, e sobretudo sem publicar”, declarou à Lusa quando publicou A Viagem do Elefante, em 2008.
Quando escreveu “o primeiro livro que tem um significado, como é o Manual de Pintura e Caligrafia, em 1977, tinha 55 anos, já uma idade avançada”, sublinhou, o Levantado do Chão, em 1980, tinha 58 anos, e Memorial do Convento, “que realmente abriu muitas portas”, tinha 60 anos.
Até aí, explicou, não houve qualquer “vocação reprimida”. E, por isso, quando retomou trabalho, fê-lo sem parar. A justificação era-lhe simples: “acho que tinha qualquer coisa para dizer e então, desde essas datas até hoje [2008], não parei”, referiu.
Entre livros, José Saramago casou com Pilar del Río em 1988 e em Fevereiro de 1993 decidiu repartir o seu tempo entre a sua residência habitual em Lisboa e a ilha de Lanzarote, no arquipélago das Canárias, em Espanha. 

Saramago é o escritor que incita o leitor a reparar: “É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre”.
A atribuição do Nobel da Literatura surge a 8 de outubro de 1998. Para aquele que dizia não ser pessimista, —“o mundo é que é péssimo" —, receber o Nobel foi uma conquista aceite de forma natural. Afinal, o escritor dizia não ter nascido “para isto”. Mas foi o que lhe deram. Com esta atitude despojada, mostrou a simplicidade e humildade de um homem de porte sisudo e de temperamento reservado. Em entrevistas, chegou a referir que apenas queria ter “saúde e vida longa”, sem no entanto esquecer tudo o que por ele tinha passado, tudo o que aprendera — afinal, nada melhor para moldar alguém do que as vivências.
O homem morre, mas o escritor e os livros não. Por isso, Saramago continua entre nós, pronto a ser descoberto vezes sem conta. 
Adaptado de um artigo do Sapo 24 de 8 outubro 2018

sexta-feira, 12 de junho de 2020

CELEBRAR PESSOA


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
           14-2-1933
           Odes de Ricardo Reis

Fernando António Nogueira Pessoa (António porque nasceu no dia de Santo António) nasceu a 13 de junho de 1888, em Lisboa, no Largo de São Carlos, e na mesma cidade morreu em 1935, e poucas vezes deixou a cidade e os seus arredores em adulto, mas passou nove anos da sua infância em Durban, na colónia britânica da África do Sul, onde o seu padrasto era o cônsul Português. Pessoa, que tinha cinco anos quando o seu pai morreu de tuberculose, tornou-se um rapaz tímido e cheio de imaginação, e um estudante brilhante. Pouco depois de completar 17 anos, voltou a Lisboa para entrar no Curso Superior de Letras, que abandonou depois de dois anos, sem ter feito um único exame. Preferiu estudar por sua própria conta na Biblioteca Nacional, onde leu livros de filosofia, de religião, de sociologia e de literatura (portuguesa em particular) a fim de completar e expandir a educação tradicional inglesa que recebera na África do Sul. A sua produção de poesia e de prosa em inglês foi intensa durante este período, e por volta de 1910, já escrevia também muito em português. Publicou o seu primeiro ensaio de crítica literária em 1912, o primeiro texto de prosa criativa (um trecho do Livro do Desassossego) em 1913, e os primeiros poemas de adulto em 1914.
Vivendo por vezes com parentes, outras vezes em quartos alugados, Pessoa ganhava a vida fazendo traduções ocasionais e redacção de cartas em inglês e francês para firmas portuguesas com negócios no estrangeiro. Embora solitário por natureza, com uma vida social limitada e quase sem vida amorosa, foi um líder activo da corrente modernista em Portugal, na década de 1910. Pessoa manteve-se afastado das luzes da ribalta, exercendo a sua influência, todavia, através da escrita e das tertúlias com algumas das mais notáveis figuras literárias portuguesas.
Em 1920, a mãe de Pessoa, após a morte do segundo marido, deixou a África do Sul de regresso a Lisboa. Pessoa alugou um andar para a família reunida –  ele, a mãe, a meia irmã e os dois meios irmãos – na Rua Coelho da Rocha, n.º 16, naquela que é hoje a Casa Fernando Pessoa. Foi aí que Pessoa passou os últimos quinze anos da sua vida – convivendo muito com a mãe, que morreu em 1925, e com a meia irmã, o cunhado e os dois filhos do casal (os meios irmãos de Pessoa emigraram para a Inglaterra), embora também passasse longas temporadas em casa sozinho. Familiares de Pessoa descreveram-no como afectuoso e bem humorado, mas muito reservado. Ninguém fazia ideia de quão imenso e variado era o universo literário acumulado na grande arca onde ia guardando os seus escritos ao longo dos anos.



13 DE JUNHO - DIA DE SANTO ANTÓNIO



Se não estivessemos a viver um cenário com restrições por causa da pandemia, esta noite seria uma das mais alegres da nossa capital: a noite de Santo António. As marchas dos bairros de Lisboa desfilariam, as pessoas andariam pelos bairros típicos a comer sardinha assada e a dançar nos mais castiços arraiais.
O infográfico que elaboramos foi com a intenção de celebrar a cidade de Lisboa no seu feriado mais alegre, reunindo informação sobre locais a visitar, história, algumas curiosidades e, ainda, alguns poemas que lhe foram dedicados por grandes poetas nacionais.
Tal como na canção, Lisboa será sempre "menina e moça".

DIA DE PORTUGAL DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS



As Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas são assinaladas este ano numa cerimónia simbólica no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa. 
As Comemorações, que estiveram previstas para a Região Autónoma da Madeira e África do Sul, foram alteradas para assim respeitar as regras de precaução sanitária no quadro da Pandemia da doença Covid-19.   
As Cerimónias têm início no exterior do Mosteiro dos Jerónimos onde, pelas 11h00 e sob a Presidência do Chefe de Estado, decorre a Cerimónia do Içar da Bandeira Nacional, com a execução do Hino Nacional, 21 salvas por unidade naval da Armada Portuguesa fundeada no rio Tejo e sobrevoo de homenagem por uma esquadrilha de aeronaves F-16 da Força Aérea. Depois, na Igreja de Santa Maria de Belém, o Presidente da República deposita uma Coroa de Flores no Túmulo de Luís Vaz de Camões, e guarda um minuto de silêncio em homenagem aos Mortos ao serviço da Pátria. Nos claustros do Mosteiro, irá usar da palavra o Cardeal D. José Tolentino de Mendonça, Presidente da Comissão Organizadora do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a que se segue a intervenção do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que encerra as Cerimónias.

Aceda, através do link, a uma imagem interativa com muita informação e vídeos sobre Portugal, a sua cultura e tradição.



quinta-feira, 4 de junho de 2020

SÉRIES INSPIRADAS EM LIVROS

Muitas vezes vemos séries e filmes dos quais gostamos imenso sem nos passar pela cabeça que foram inspirados em livros. Assim acontece cada vez mais com as séries televisivas. Na verdade, como são apenas baseadas nos livros, fazem uma abordagem diferente quanto a personagens e narrativa. Quantas vezes dizemos "prefiro o livro à série/filme"? Ora, se assim é, porque não ler os livros que inspiraram as nossas séries favoritas? Descubra aqui algumas dessas séries.

13 Reasons Why

Série baseada no livro original Thirteen Reasons Why (Por treze Razões), de Jay Asher. O livro e a série começam do mesmo modo: Hannah Baker suicidou-se e deixou as 13 razões que a levaram a este desfecho em 13 cassetes. 
O romance original foi um enorme sucesso de vendas apesar de ter recebido muitas críticas por tratar o suicídio juvenil de forma leviana. Esta polémica, na verdade, serviu para aumentar a visibilidade da obra que chegou ao topo da lista de bestsellers do The New York Times.

The 100

Série baseada no livro original The 100, da escritora norte americana Kass Morgan. Foi esta coleção de livros, que já vai no quarto título, que serviu de inspiração a esta série que tem grande sucesso junto do público juvenil. Imaginada por Kass Morgan, relata um mundo em que a Humanidade vive num conjunto de satélites à volta da Terra por causa de uma tempestade nuclear que devastou o planeta. 100 anos depois, é enviada uma expedição de 100 adolescentes para a superfície da Terra, com o objetivo de descobrirem se o planeta é outra vez habitável. Irão descobrir muito mais do que isso.


A Guerra dos Tronos
A série televisiva é baseada na série de fantasia épica do autor norte americano George R. R. Martin.
Existem três argumentos principais na história que se vão interligando no decorrer dos livros: a crónica de uma guerra civil dinástica entre várias famílias concorrentes pelo controlo dos Sete Reinos; a ameaça crescente das criaturas sobrenaturais conhecidas como os Outros, que habitam para além de uma imensa muralha de gelo ao Norte; e a ambição de Daenerys Targaryen, a filha exilada de um rei louco deposto 15 anos antes noutra guerra civil, prestes a voltar à sua terra e reivindicar seu trono por direito.


Desventuras em série
A série é uma adaptação da famosa coleção de livros  A Series of Unfortunate Events escrita por Lemony Snicket – pseudónimo do autor norte americano Daniel Handler – e conta a história dos três irmãos órfãos, Violet (Malina Weissman), Klaus (Louis Hynes) e Sunny Baudelaire tentando sobreviver à perseguição de Conde Olaf (Neil Patrick Harris), que quer colocar as mãos na fortuna das crianças.



Anna com A

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A série acompanha a história da órfã Anne no século XIX. A sua vida muda completamente quando é adotada por um casal de irmãos e passa a viver numa enorme quinta que não impõe limites à sua imaginação. O livro que deu origem à série, Anne of Green Gables, foi escrito em 1908 pela escritora canadiana L. M. Montgomery. Foi escrito como ficção para leitores de todas as idades, mas nas últimas décadas tem sido considerado principalmente um livro infantil.




Outlander
A protagonista da série, Claire, é uma mulher que, já à frente do seu tempo, no início do século XX, é mandada 200 anos para o passado através de uma pedra mística escocesa. A inglesa está em lua de mel na Escócia quando viaja no tempo e é obrigada a lidar com uma época completamente diferente da sua. A série, baseada na coleção de livros homónimos da escritora norte americana Diana Gabaldon, é cheia de romance, intrigas políticas e muita história escocesa, inglesa, americana e até francesa do século XVIII.



Under the Dome
Baseada no romance do escritor norte americano Stephen King, a série conta a história dos moradores da pequena cidade americana de Chester's Mill, no Maine, onde uma enorme e transparente cúpula indestrutível de repente os isola do resto do mundo. Sem acesso à internet, telefone e televisão, as pessoas presas dentro da cúpula devem encontrar a sua própria maneira de sobreviver com a diminuição dos recursos e as crescentes tensões.


Unorthodox
"Unorthodox" é uma minissérie, baseada na auto-biografia da autora americano-alemã Deborah Feldman "Unorthodox: The Scandalous Rejection of My Hasidic Roots”, lançada em 2012 e surge da vontade que a própria expressou em tornar o livro num produto audiovisual. Alexa Karolinski e Anna Winger, ambas amigas de Feldman, agarraram o desafio e, junto a Maria Schrader, construíram uma série de quatro episódios que nos deixa com vontade de ver e saber mais. O enredo é sobre a jovem judia Esther Shapiro de 19 anos que foge de um casamento arranjado, de uma comunidade judaica hassídica em Brooklyn, Nova Iorque,  para tentar encontrar a sua mãe que vive em Berlim, na Alemanha. Na jornada, com apenas a roupa do corpo e alguns trocados, acaba por se juntar a um grupo de músicos e descobre novos costumes. É uma série ideal para quem quer conhecer novas culturas e entender os valores e detalhes deste judaísmo ultra-ortodoxo.


Girlboss
Lançada em 2017 e inspirada na biografia de Sophia Amoruso, um dos nomes mais respeitados do mundo da moda, a série tem oito episódios divertidos que contam como a protagonista começou a carreira vendendo roupas vintage na plataforma e-commerce Nasty Gal e se tornou uma milionária bem-sucedida, dona de uma marca de moda.