Celebra-se hoje o centenário de José Saramago, esse vulto incontornável da literatura portuguesa. Um homem de origens modestas, nascido na aldeia de Azinhaga, no Ribatejo, e cujo contacto com os avós e o trabalho do campo foi marcante para algumas das temáticas das suas obras.
Aos 60 anos, após ter deixado o Diário de Notícias, Saramago está perante o maior dilema da sua vida: arranjar um emprego, ou dedicar-se inteiramente à escrita? Já sabemos qual foi a sua decisão. Foi uma época marcante na vida do autor que sentia que até então tinha alguns textos publicados (especialmente poesia), mas não tinha uma "obra". Decide ir viver para o Alentejo para a vila de Lavre, concelho de Montemor-o-novo, onde vive cerca de dois meses em 1976. Como pesquisa para o seu livro, caminha pelas ruas desta vila alentejana, recolhe testemunhos das suas gentes e percorre velhos caminhos que levam à ribeira de Lavre. Daí nasceu o seu primeiro livro de sucesso Levantado do chão, publicado em 1980. Atualmente a Junta de Freguesia e a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo dinamizam a iniciativa "Roteiro Levantado do Chão" que leva os visitantes a percorrer os caminhos saramaguianos.
O romance Memorial do convento, editado em 1982, vem confirmar a genialidade do autor e marcá-lo como um caso sério da literatura portuguesa. A partir daqui Saramago começa a publicar ininterruptamente, sempre com a temática das injustiças sociais por base. O próprio facto de escolher viver na ilha espanhola de Lanzarote é revelador de uma mente que se quer afastar de tudo quanto é civilização ocidental.
Após ter ganho inúmeros prémios, José Saramago vê a sua obra reconhecida ao receber o Prémio Nobel em 1998.
Desapareceu o homem, ficam as suas obras que são parte de si. Celebremos a sua obra lendo os seus textos!
"... é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saímos de nós".
in O conto da ilha desconhecida
#100Saramago
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